apanhei há uns dias o comboio, trajecto cais do sodré-cascais, e por falta de melhor lugar sentei-me frente a dois homens quarentões e involuntariamente ouvi a conversa entre eles.
um deles contava ao outro o drama em que se tinha transformado a sua vida nos últimos dois anos.
divorciou-se.
segundo ele nos primeiros tempos as coisas entre ele e a ex-mulher andavam pacificamente pois enquanto ele lhe desse dinheiro ela não chateava, sempre que a ela lhe cheirasse a subsidio de férias e afins ia a correr bater-lhe à porta.
a mulher, ao contrário dele, refez a sua rapidamente ao lado de outro homem, não para a sustentar porque ela ganhava bem melhor que o desgraçado do ex-marido, mas mesmo assim não o largava exigindo todos os tostõezinhos a que achava ter direito. "A gaja tá a agir de má fé!" - diz o pobre homem - "É má fé sim..." - anuia o paciente ouvinte.
até que um dia ele diz " basta" e fecha a torneira que havia calado a mulher durante aquele tempo, e aí começaram os problemas....
parece que o novo companheiro da ex não ia mto à bola com os dois filhos do ex-casal. o filho fugia de casa da mãe para ir ter com o pai e quando ia para a escola a mãe e o namorado iam lá buscá-lo e trancavam-no em casa durante dias, a filha era provavelmente muito pequena para se aperceber do que se passava com os pais de tal maneira que já nem sabia quem era o verdadeiro pai, julgando ser este o novo namorado da mãe.
o pobre do homem dizia que o caso já tava tdo em tribunal à espera que a justiça portuguesa lhe dedicasse alguma atenção e lhe atribuisse a custódia dos filhos. achava que estava na altura de também ele refazer a sua vida e começar tdo do zero, aos poucos.
de repente até parece uma história que faria as delicias da TVI, bastava juntar dois irmãos gémeos (um rico e outro pobre, ou talvez só cego), familias rivais, umas imagens de cascais, um motorista/cozinheiro cómico e era top de audiências em horário nobre.
falando a sério, como esta há muitas outras vidas infelizes, e não falo de quem vive em condições desumanas em países de terceiro mundo nem nada disso, este post não é para puxar à lágrima de ninguém, falo daquelas pessoas que vemos tdos os dias na rua ou no trabalho aparentemente de bem com a vida mas afinal esta pouco lhe sorri, durante anos...
e o que quero dizer com tdo isto? que tenho de parar de me lamentar com a minha vida... porque no fundo, quem dera a muitos!